Destemido, sempre faz questão de defender e assumir suas identidades, Francisco de Assis da Cruz Souza, mais conhecido como Chico Manfredinni Rios, nasceu em Riachão do Jacuípe, no dia 28 de dezembro 1985, é pedagogo e produtor cultural: “sou negro, candomblecista, homossexual”, completa.
Muito ativo desde sempre, ele milita a favor de várias causas sociais, especialmente em ações que envolvem a sua comunidade, o bairro Alto do Cruzeiro, onde mora desde que nasceu. Manfredini é atualmente presidente da TOLS (Torcida Leão do Sisal do Esporte Clube Jacuipense), presidente do GGRJ - movimento em defesa ao LGBTQ da cidade.
Chico entre dois primos
Com a Torcida Organizada Leão do Sisal
“Sou também presidente da quadrilha junina, Zabumba D'Ouro, representante do movimento negro, capoeirista, defensor da cultura de igualdade para as populações afrodescendentes, de movimentos sociais que lutam pela libertação para a sociedade em geral, a partir do combate à homofobia, lesbofobia e transfobia. Me considero a voz da favela, pois defendo minha comunidade e todas as suas causas sociais”, garante.
Em 2013, como organizador do Concurso de quadrilha em Riachão, dando as boas vindas aos grupo de fora
Com capoeiristas e no Alto do Cruzeiro com meninas vencedoras do Desfile Belezas da Favela
A culpada pela minha inserção social
Chico em sua colação de grau com Ana Rita- 2017
Em 2013, a convite da então secretária de educação, Ana Rita Rios, Chico passou a trabalhar no Departamento de Cultura da Secretaria de Educação do município, atuava em um projeto de educação integral implantado nos bairros com intervenções que envolviam educação, esporte e cultura.
Segundo Manfredinni o período que passou na Secretaria de Educação foi o que ele classifica como o mais importante em sua vida até aqui, "foram muitas oportunidades para meu crescimento pessoal e profissional. A secretária de educação a época, Ana Rita Rios me deu a oportunidade que eu precisava, pude experimentar e aprender bastante. Participei de Congressos em outros estados, inclusive um deles, internacional. Além disso, participei dos Congressos de Educação do município com Rita e sua equipe, foi uma oportunidade ímpar em minha vida, revela.
Chico com Cristovam Buarque, no Congresso Internacional (2014)
Neste período, Chico conta que ainda não tinha escolhido a sua área de formação; “foi um tempo de muito aprendizado com Ana Rita, a principal responsável pela minha decisão em cursar Pedagogia. Sua competência, e acima de tudo, sua afetividade, talvez a maior característica de um educador, me impulsionou a crescer, devo a ela parte da minha inclusão social, ela é a culpada (rs)”, declara.
Chico trabalhou também como educador na cidade de Lauro de Feiras-, e atualmente é professor concursado no município de Conceição do Coité.
A pré candidatura e o preconceito
O anúncio da pré candidatura não foi tão simples, chegou a ouvir comentários como: “agora todo tipo quer ser candidato”, “não sei pra que se lança, se não tem dinheiro pra gastar”, dentre outras frases comuns que confirmam o pensamento político conservador da sociedade.
"Quando falo de minha inserção social estou atribuindo significado à minha inclusão na sociedade jacuipense, pois venho de um bairro onde, historicamente, é segregado pela cor e pela condição social de seus moradores. Falo de nossas matrizes originais, somos filhos de homens e mulheres negras, de prostitutas, magarefes, tratadeiras de fato e marisqueiras. Fui criado em meio aos bregas, ainda alcancei alguns. Por toda a minha herança eu não podia esperar que minha inclusão social em minha própria cidade fosse fácil, as muitas pesquisas acadêmicas estão aí para quem quiser entender o processo de marginalização que nosso bairro sempre sofreu, acho que tá na hora de reparar isso", defende.
De acordo com a Constituição Federal, as condições para que o cidadão exerça seus direitos políticos e possa se candidatar a um cargo público são: a nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral; o domicílio eleitoral no município; a filiação partidária; idade compatível a cada cargo pleiteado, sendo para vereador, o mínimo de 18 anos. "As frases preconceituosas nascem de um pensamento, infelizmente arraigado na mente de muita gente; é uma pena, mas ainda vivemos em uma democracia classista e excludente, em que só ganha quem investir dinheiro na política”, desabafa.
“Andar com fé vou”
Apesar de tudo ele não desiste e, como sempre, persistente, Chico lembra que não pode parar, “eu resolvi me candidatar porque quero legislar a favor de tudo que eu defendo, ou seja, formular propostas de lei com ações de combate a qualquer tipo de discriminação racial e homofóbicas. De inclusão a partir de cotas em concursos municipais e leis que fomentem o empreendedorismo juvenil, especialmente para envolver jovens em vulnerabilidade social. Já votei em muita gente, agora chegou a vez de Chico Manfredinni representar seu povo e sua comunidade. Como diz Gilberto Gil; andar com fé vou", finaliza.
Na parada Gay-2017Chico é pré candidato pelo PDT e conta que além de cuidar de sua campanha não medirá esforços para eleger seu candidato a prefeito, Lucas William do PC do B.
Imprensa Cheque- Da redação
Fotos: arquivo Chico Manfredinni
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