Todo ano a mesma pergunta ocupa o imaginário popular jacuipense: vamos comemorar o dia 1º ou o dia 14 de agosto? Dia 14 é a data de elevação de vila para cidade, já dia 1º foi o dia da emancipação política da cidade de Riachão do Jacuípe, na Bacia do Jacuípe.
Histórias e narrativas à parte, e que são bastante interessantes quando pesquisadas e confrontadas, gerando mais saberes locais, o município conta com sérias dificuldades estruturais urbanas. Além do desemprego que segundo dados recentes do IBGE aumentou, significativamente em todo o país neste primeiro semestre de 2020 com o surgimento da Covid 19.
No livro Memórias em Conflitos, de Marinélia Silva, (historiadora jacuipense) já na introdução ela atribui parte do desemprego às históricas questões políticas, articuladas e marcadas pelo continuísmo de determinados grupos políticos da cidade. Mas porque será que esta reflexão ainda não nos interessa tanto, quanto nos interessa a polêmica das datas?
O Imprensa Cheque colheu diversas opiniões para fazermos uma reflexão sobre o Riachão que temos e o Riachão que queremos. Com a palavra, alguns jacuipenses.
"Ainda sonho com a minha cidade natal mais humanizada, desenvolvida e oferecendo oportunidade de crescimento, especialmente para a população em situação de vulnerabilidade social. Somos um povo forte, acolhedor, merecemos respeito, dignidade e políticos responsáveis, capacitados para os cargos que almejam e acima de tudo seres humanos de caráter. Meus parabéns vai para cada jacuipense que mesmo diante de todas as dificuldades, mesmo invisíveis aos políticos e muitos da sociedade, ainda mantêm a capacidade de sorrir, sonhar e acreditar que dias melhores virão!!! Daniela Guimarães, enfermeira.
"Riachão do Jacuípe é um município rico em cultura e potenciais diversos, porém, ainda limitado por uma mentalidade um tanto medieval, que deixa boa parte da população quase na condição de crianças grandes, esperando que alguém atenda suas necessidades e lhes diga o que fazer. Quando tivermos uma maioria de cidadãos autenticamente emancipados e participantes, poderemos recuperar certo protagonismo do passado e quem sabe nos tornar um razoável polo regional, como cidade universitária, referência cultural, ou algo do gênero. Isso não virá de cima para baixo e só será possível por meio da educação voltada à formação do pensamento crítico e de competências e habilidades indispensáveis aos novos tempos, José Avelange de Oliveira, professor.
"Riachão é um lindo município e com um potencial rodoviário e até mesmo turístico, temos festejos pontuais e um "balneário que é a barragem", muito visitada e pouco explorada de forma organizada. Penso que nos falta, governos que de fato saiam das promessas de palanque e façam mais pela estabilidade local, geração de emprego e renda! Incentivo a permanência e condições de sobrevivência aos seus munícipes! Aqui nos falta quase tudo; lazer, cultura, emprego, vontade política, só não, o sonho de um dia, não muito distante, ver o Nosso Riachão, empoderado!", Sabrina Bezerra, pedagoga.
"O que eu espero é que práticas novas sejam adotadas na área política! E melhorias na área de saúde também! Conscientização da população sobre o perfil de cada candidato e conhecimento da sua vida na área", Nilson Maurílio, comerciante.
"Espero um Riachão que faça da sua gente seu maior patrimônio e a educação prioridade absoluta nos debates e nas ações. Uma politica voltada para o bem comum e efetiva a todos. Que a justiça social e a felicidade dos jacuipenses seja a causa nobre e de maior relevância", Ana Rita, pedagoga.
"Fazendo aqui uma reflexão sobre o
Riachão que temos e o Riachão que queremos, percebo que temos muito menos do que
poderíamos ter. Riachão é uma cidade com
excelência na produção de estudantes universitários, mas não estamos tendo o retorno para a cidade. Falta emprego e por
isso perdemos capital humano. E isso é triste porque boa parte de nossas
mentes pensantes estão fora da nossa cidade, o que prejudica o desenvolvimento
do município como um todo",
"Como professora não posso ver as coisas senão pelo olhar da esperança, principalmente neste momento difícil que o planeta atravessa. E falando em esperança, não podemos ficar sem falar de arte, neste momento ela é muito importante. É importante que através dela saibamos apreciar o que é feito aqui, valorizar as nossas sementes, as nossas flores, o nosso jardim. E comparar Riachão a um jardim, é entender que ela precisa ser cuidada, e cuidada a partir de muitas mãos. Mas, para termos um município e sociedade melhor, precisamos ter mais investimentos na arte, pois é ela que vai nos proporcionar mudar a nossa realidade", Gilmara Freitas, professora.
Precisamos de uma consciência política mais atuante, pois o desenvolvimento econômico e social de um município depende muito da forma como ele é pensado, gerido. Pela sua localização, Riachão era pra ser mais desenvolvido, temos um rio que corta a nossa cidade, temos um terreno plano e bem localizado, porém tivemos em algumas gestões, gestores que cometeram atos ilícitos, respondem a processos. Isso mostra que não tiveram zelo com a coisa pública, assim os menos favorecidos continuam sem oportunidades, pois não chega até eles os recursos como deveriam. É triste ainda saber que na cabeça de muitos eleitores para se ganhar uma eleição é preciso ter dinheiro, quando na verdade um bom gestor precisa ter muitas qualidades, mas somos ainda um município ainda jovem e podemos conquistar esta consciência, parabéns ao nosso município e ao nosso povo"! Raimundo da Caixa, bancário.
"O Riachão que eu quero é um Riachão independente, um Riachão como um pólo regional de prestação de serviços. A vinda do SAC e do Detran ajudaram neste propósito. A vinda de uma faculdade pública também iria contribuir muito neste sentido. Ficar refém do INSS( aposentados) e empregos gerados pela prefeitura não é o caminho. Uma região com importantes prestadores de serviços iriam fomentar ainda mais o comércio e, consequentemente, geraria emprego e renda. Patrícia Roma/ jornalista.
"Para além da discussão polêmica das datas, seria necessário também, a gente discutir os rumos desta cidade a longo prazo, e aí é que deve haver uma relação muito interessante entre a sociedade civil organizada e suas instituições, associações e também o poder público. Qual a expectativa da situação de Riachão a longo prazo? O que é que o poder público tem feito para pensar não apenas neste exato momento, a questão da ingerência política, mas pensar também a cidade como um organismo vivo? Como algo que precisa ser analisado. Qual a expectativa que o poder público tem para a cidade nos próximos anos? Qual o legado a cidade visa deixar para a juventude? Então é necessário que a gente discuta elementos culturais, elementos políticos, orçamento participativo, um debate sobre audiências públicas com a participação da população. Que o poder público abra espaço para as cobranças, para o diálogo e quando falamos do poder público, falamos não apenas do Executivo, mas do Legislativo e também o Judiciário. Então, acho que neste momento, para além de pensarmos as datas de emancipação, é necessário pensarmos na emancipação social do indivíduo e, principalmente, na inclusão das minorias”. Gabriel Oliveira, professor.
Imprensa Cheque- Da redação
Fotos- web
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