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Riachão: Agricultura Familiar tem prejuízos com a Covid, falta de políticas públicas e condição das estradas agrava a situação





Casal de agricultores- entrevistas para o Bahia Rural (TV Bahia)


A mais ou menos 13 quilômetros de Riachão do Jacuípe está a propriedade do agricultor familiar, Eleno Gonzaga, bem próximo à comunidade do Lajedinho. Assim como em outras propriedades, a produção do agricultor  vem  enfrentando prejuízos surgidos com o Covid 19 e que só pioram quando somados às péssimas condições das estradas vicinais do município e a ausência de novas políticas públicas do governo federal para  a agricultura familiar no semi árido baiano.



Sítio Gonzaga (Faz. Lagedinho)


Esta realidade tem reduzido a potencialidade de uma das safras mais chuvosas dos últimos 10 anos na região de Riachão do Jacuípe, ano que os produtores tiveram uma boa produção mas, proporcionalmente, um menor retorno financeiro. Aliás, eles tiveram muitos prejuízos. O Imprensa Cheque foi convidado para acompanhar a dificuldade desta propriedade em escoar e comercializar a  produção.  




Leninho conta que entre os seus maiores prejuízos, a cana de açúcar e o limão foram os produtos que ele mais deixou de vender, já que na propriedade ele também tem colhido frutas, verduras e cereais como: mamão, maracujina, pepino, quiabo, pimenta, abóbora, feijão de corda e milho. Com o Covid 19, o produtor explica que deixou de passar a cana de açúcar e o limão para o seu principal cliente: um vendedor ambulante de caldo de cana com limão nas feiras livres de Riachão e região. Com as restrições do comércio nas feiras livres, o ambulante foi obrigado a deixar de comprar os produtos, quebrando um ciclo de economia solidária que havia entre eles há mais de 5 anos.


Agricultor sinaliza para a plantação de cana se sobrepondo à de abóbora



“Antes ele vinha, carregava o carro com cana e limão, me pagava e na semana seguinte deixava a cana já moída que eu usada na alimentação do rebanho, este processo era repetido até duas vezes por semana. Agora sem esta venda, além da perda financeira, não conto mais com o bagaço para os animais”, explica o agricultor que para não prejudicar a lavoura, corta a cana e alimenta diretamente o rebanho.

Ainda segundo ele, isso não reduz o prejuízo financeiro, mas ajuda a controlar a produção, já que esta cultura cresce bastante se não cortar regularmente.




Dona Azenilda, 61 anos, já aposentada, produz no campo e comercializa na cidade há muito tempo. Com a chegada do vírus, ela conta que reduziu suas vendas em mais de 80%. “Todo dia de sábado eu ia para Riachão fazer minhas entregas, depois do corona a gente precisou se isolar, não tenho mais o contato. Nem nós podemos ir, nem as pessoas estão vindo pegar como antes”, explica a companheira de Leninho.



                        A família faz a colheita em apenas um dia da semana para as reduzidas entregas

Eliete media as vendas para reduzir o desperdício da produção

Eliete Cordeiro, filha do casal, tem amenizado este prejuízo levando alguns produtos uma vez por semana para um ponto de entrega na feira livre e para a sua casa na cidade. “Mesmo tendo que redobrar os cuidados com luvas, máscara, álcool em gel, e diminuir os dias de entrega, nós estamos tentando vender o máximo possível para não ver toda nossa produção apodrecer”, disse Cordeiro, que também recebe as encomendas via Watts App e entrega os produtos em sua residência, na Rua Adelaide Ribeiro, em Riachão.



O que é agricultura Familiar e para que políticas públicas a seu favor

Conforme os critérios definidos pela Lei Federal da Agricultura Familiar (Lei Federal 11 326, de 2006) e seus regulamentos, o agricultor familiar é aquele cuja renda está vinculada às atividades rurais que exerce com sua família em sua pequena propriedade ou posse rural. O público da agricultura familiar também inclui comunidades tradicionais, pescadores artesanais, agroextrativistas, indígenas, bem como agricultores e silvicultores que se enquadrem nesses critérios.



As políticas públicas voltadas para a agricultura familiar têm como objetivo principal a promoção da sustentabilidade ambiental, social e econômica das atividades desenvolvidas por agricultores familiares e empreendedores familiares rurais.


Em Riachão do Jacuípe, agricultores familiares contam apenas com o enfraquecido apoio de Programas como o PRONAF, que com  o seu  surgimento, a época, fortaleceu as atividades desenvolvidas pelo agricultor familiar a partir de financiamentos de atividades e serviços agropecuários e não agropecuários desenvolvidos em propriedades rurais ou em áreas comunitárias próximas. Este programa e suas adaptações melhoraram a qualidade de vida das famílias produtoras. Porém, novas políticas públicas  ou complementares a programas como este não têm surgido.



"Sinto muita falta também das feirinhas realizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, na Praça da Matriz, se não fosse o vírus com certeza a gente ia ter este ano", lembra dona Azenilda, se referindo às Feiras da Agricultura Familiar, também apoiadas pelo MOC- (Movimento de Organização Comunitária)


Situação das estrada vicinais aumenta as dificuldades para a Agricultura Familiar

Este é outro problema que a comunidade rural de Riachão do Jacuípe vem enfrentando diariamente. Desde a chegada das chuvas as estradas que já vinham há muito tempo sem recuperação ou então muito mal recuperadas, lavam o solo e agravam a situação com buracos e as famosas "costelas de vaca".



“Aqui em nossa região as estacas estão quase soltas. As poucas regiões recuperadas, quando a máquina passa arrasta a terra que resta, quando vem a chuva termina de lavar, porque o poder público passa a máquina mas não encascalha, reclama senhor João dos Santos Santana, da região da Mandassaia.

De acordo com constantes reclamações de moradores da zona rural, principalmente em redes sociais  através de fotos, áudios e vídeos, existem localidades que já estão intransitáveis.


Leninho ainda lembra o quanto a condição das estradas de toda a sua região tem dificultado o transporte de sua produção e das poucas pessoas que se mantém trafegando para a sua propriedade, por exemplo: o carro que pega o leite de seu rebanho. O agricultor relata que de vez em quando precisa colocar algumas carroças de cascalho para viabilizar a entrada até mesmo de seu próprio carro em sua propriedade.


“Sei que o corredor (caminho) é meu, mas serve de acesso para todos que comercializam ou trabalham comigo. Antes de colocar o cascalho, o carro do leite não entrava porque atolava nos dias de chuva”, reclama o agricultor.


Pai e filha precisam quase sempre fazer reparos para trafegar nas estradas. 


Apesar da condição das estradas, da ausência de políticas públicas do governo federal e da falta de sensibilidade do poder público local em viabilizar, minimamente a agricultura familiar no município, o agricultor segue se esforçando para superar toda a crise. “Todo dia peço a deus para eu não contrair o vírus, nem minha esposa também, lembra Gonzaga, se mostrando um homem de muita fé.


Produção de imagens  e entrevistas para o Bahia Rural

O material produzido pelo Imprensa Cheque na visita do último domingo, na propriedade  do agricultor, foi enviada para o Programa Bahia Rural (TV Bahia).  A matéria que mostrará a situação dos agricultores familiares de Riachão do Jacuípe, Eleno Gonzaga e Azenilda Cordeiro, irá ao ar no Bahia Rural do dia 2 de agosto (domingo) a partir das 7 horas.

Se alguém quiser adquirir os produtos da agricultura familiar, é só entrar em contato com Eliete Cordeiro .
Contato : 75 991321701

Da redação- Imprensa Cheque
Fotos: Eliete Cordeiro
Laura Ferreira

Riachão: Agricultura Familiar tem prejuízos com a Covid, falta de políticas públicas e condição das estradas agrava a situação Riachão: Agricultura Familiar tem prejuízos com a Covid, falta de políticas públicas e condição das estradas agrava a situação   Reviewed by Imprensa Cheque on julho 24, 2020 Rating: 5

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