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Riachão completa 141 anos: historiadores da cidade e suas reflexões

Igreja Matriz atual

Todo ano a mesma pergunta ocupa o imaginário popular jacuipense: vamos comemorar o dia 1º ou o dia 14 de agosto? Dia 1º é a data de elevação de vila para cidade, já dia 14 foi o dia da emancipação política da cidade de Riachão do Jacuípe, na Bacia do Jacuípe.

Na manhã desta quinta-feira, eis que ligo o rádio e começo a ouvir Tio Lio (Amarílio Soares) mais uma vez, e como em todos os anos, ele é convidado para esclarecer aos ouvintes sobre a polêmica em torno das datas de comemorações de aniversário de Riachão. Bendito seja Tio Lio entre nós, porque assim, como no ano passado, hoje e no próximo ano, e até quando ele puder, os meios de comunicação irá procurá-lo e ouvi-lo, porque apesar de não ser nossa “única fonte de saberes” ele é um apaixonado pela história desta terra: conclusão inconteste.

Contudo, histórias e narrativas à parte, e que são bastante interessante quando pesquisadas e confrontadas, por isso, geram mais saberes locais, o município conta com sérias dificuldades estruturais urbanas, além de mais do que nunca, paira a saga do desemprego que tanto tem mandado embora conterrâneos nossos.

Igreja Matriz em 1965

No livro Memórias em Conflitos, de Marinélia Silva, (historiadora jacuipense) já na introdução ela atribui parte do desemprego às históricas questões políticas, articuladas e marcadas pelo continuísmo de determinados grupos políticos da cidade. Mas porque será que esta história ainda não nos interessa tanto, quanto a polêmica das datas?

A professora atribui o apoio contínuo dos prefeitos locais dado ao tradicional político baiano, ACM- Antonio Carlos Magalhães (in memorian), a manutenção de um sistema político que não impulsionava o desenvolvimento local: “Neste contexto, a válvula de escape da população miserável, para mudar a realidade hostil, era migrar para os grandes centros do Sul e Sudeste do país ou até mesmo para cidades próximas como Feira de Santana”, defende Silva.

Praça da Matriz reformada em 2016 e já alterada pela atual gestão

Uma pergunta: a realidade tecida pela historiadora mudou? Certamente não, o desemprego (demissão em massa na Paquetá) retrocesso recente no índice e indicador de nosso IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) falta de planejamento urbano (para também corrigir e evitar as inundações) esgotos que jorram anos a fio no Jacuípe, situação do Lixão, e tantas outras questões sociais nossas de todo dia, que anos após anos parecem não mais nos incomodar, mas que não deixam, um dia sequer, de existir.

Centro da cidade nesta quinta-feira (01), ponto facultativo apenas

Para melhor entender e melhor comemorar nossa emancipação, o professor de História, e jacuipense, Gabriel Oliveira (Biel) traz também sua reflexão:

"Para além da discussão polêmica das datas, seria necessário também, a gente discutir os rumos desta cidade a longo prazo, e aí é que deve haver uma relação muito interessante entre a sociedade civil organizada e suas instituições, associações e também o poder público. Qual a expectativa da situação de Riachão a longo prazo? O que é que o poder público tem feito para pensar não apenas neste exato momento, a questão da ingerência política, mas pensar também a cidade como um organismo vivo? Como algo que precisa ser analisado. Qual a expectativa que o poder público tem para a cidade nos próximos anos? Qual o legado a cidade visa deixar para a juventude? Então é necessário que a gente discuta elementos culturais, elementos políticos, orçamento participativo, um debate sobre audiências públicas com a participação da população. Que o poder público abra espaço para as cobranças, para o diálogo e quando falamos do poder público, falamos não apenas do Executivo, mas do Legislativo e também o Judiciário. Então, acho que neste momento, para além de pensarmos as datas de emancipação, é necessário pensarmos na emancipação social do indivíduo e, principalmente, na inclusão das minorias”, finaliza o professor Biel.



Por Laura Ferreira
Coordenadora no Imprensa Cheque
Fotos: Eliete Cordeiro e João Jorge Carvalho
Riachão completa 141 anos: historiadores da cidade e suas reflexões         Riachão completa 141 anos:  historiadores da cidade e suas reflexões Reviewed by Imprensa Cheque on agosto 01, 2019 Rating: 5

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