Familiares, vizinhos e amigos lamentaram muito em grupos de WhatsApp, o assassinato de Gedeão Santos, de 31 anos, na tarde desta quarta-feira (31) no bairro Alto do Cruzeiro em Riachão do Jacuípe, no interior baiano.
Gedeão Santos residia na rua Estrada da Barragem, próximo ao antigo Penicão (esgoto que corre para o Rio Jacuípe) e morreu indefeso, “tal qual um Pintinho”, como também era apelidado no bairro."Ele retornava do trabalho quanto foi alvejado a caminho de sua casa", disse um dos presentes no momento e que pediu para não ser identificado.
“Era um rapaz tranquilo prestativo e muito pacato”, relata Maria Vera da Silva Santos, a agente de saúde da área 2, micro área 5, do bairro Alto do Cruzeiro. Vera disse ao IC que acompanhava a família de Gedeão desde que ele se casou com a ex companheira e que até pouco mais de dois meses realizou a penúltima visita à família.
A agente disse
que desde que Lucicleide Ferreira (ex companheira) resolveu se separar,
ele tentou o suicídio. “A mãe dele veio de Chapada de Candeal para cuidar dele,
pois segundo ela, o filho não estava muito bem por conta da separação, explica
ainda a agente, informando que esta foi sua última visita à casa de Gedeão.
Antiga Igreja do Bairro Alto do Cruzeiro, onde residia Gedeão |
Vera ainda disse que foi tomada por um grande susto quando viu a foto de Pintinho morto no grupo de WhatsApp do bairro, verificando depois em outros grupos o acontecido. Vera lamentou a forma como a morte do amigo foi comentada, a partir de julgamentos sobre sua conduta por ter sido mais uma vítima exterminada de maneira semelhante às pessoas ligadas ao tráfico. “Isso nos deixa triste”, lamenta a agente.
“Parece mentira, cheguei quinta feira de Chapada empurrando a minha moto até a oficina com a ajuda dele, ele tirou toda a gasolina, lavou o tanque e limpou o carburador que estava todo danificado. O encontrei ontem à tarde e ainda tive tempo de agradecer com mais calma, conta Eliete Cordeiro, também agente de saúde, e muito abatida com a morte do amigo.
Morrem mais jovens negros do que brancos no país, apontam estudos
O Atlas da Violência, estudo do Instituto de Pesquisa Econõmica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que em sua mais nova edição que 75,5% das vítimas de homicídio no País são negras, maior proporção da última década. O crescimento nos registros de assassinatos no Brasil, que alcançou patamar recorde em 2017 , atinge principalmente essa parcela da população, para quem a taxa de mortes chega a 43,1 por 100 mil habitantes - para não negros, a taxa é de 16.
“Aparentemente esta saga não passa de mera coincidência para alguns, porém, são estatísticas que reforçam o estado de maior vulnerabilidade do homem e da mulher negra no Brasil. São negros pobres e periféricos que morrem mais do que brancos pobres e igualmente periféricos, aponta a historiadora e professora, Ana Alice Cerqueira.
Gedeão deixa uma filha com Lucicleide de Oliveira. “Para muitos não passa de mais um, mas nós que convivíamos no bairro sabemos quem era este cidadão, lamenta Yara Marques, que também conhecia Gedeão.
“Gedeão amava a companheira, com a separação ficou abatido, mas eu mesmo cheguei a dar conselhos para que ele superasse e seguisse a vida dele. Reforço todos os demais depoimento era um cara tranquilo não fumava e só bebia de vez em quando. Até onde fiquei sabendo ele foi assassinado por ter defendido um amigo e aí acabou pagando um preço alto informa Roque da Associação Comunitária do Alto do Cruzeiro.
Até o fim desta produção nenhuma informação foi passada pela Polícia, porém a mesma, através do Delegado Danilo Andrade relatou para o blog Hora da Verdade o seguinte: “as pessoas que presenciam o crime têm medo de denunciarem ainda que de forma anônima e isso dificulta as investigações, afirma Andrade.
Ainda segundo Roque, o corpo de Gedeão foi levado para a sua comunidade, Chapada de Candeal, onde seria sepultado.
Da Redação- Imprensa Cheque
Comunidade do Alto do Cruzeiro lamenta o assassinato de Gedeão dos Santos
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agosto 01, 2019
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