A MACC (Mostra Artística Cultural e Ciêntífica) promoveu cinco noites dedicadas às seguintes nações migratórias para o Brasil: Itália, Alemanha, Espanha, Japão, Síria e Líbano. O dia selecionado para a imigração alemã foi na quinta-feira (19-09) dando continuidade ao tema: lições fora de casa, imigração como forma de aprendizado. Assim, como nas demais noites, esta dedicada à Alemanha contou também com apresentação de danças, culinária, comidas típicas, músicas, folclore, arquitetura, artesanato, destaque nas artes, e curiosidades.
“A presença dos alemães
no Brasil foi essencial para a diversificação da produção agropecuária
brasileira, no impulso industrial do país, e na construção ética-cultural. É
momento de celebrarmos a riqueza que a cultura alemã nos apresenta”. Lembrou uma
das diretoras e idealizadora do Projeto MACC, Maria Eliana, que mais uma vez abriu a noite de apresentações.
Professora Sara, Maria Eliana e Maria Celeste
História
A imigração alemã no Brasil ocorreu entre os
séculos XIX e XX para várias regiões do país. Entre 1824 e 1972,
cerca de 260 000 alemães entraram no Brasil; a quinta nacionalidade que mais imigrou para o país, após
os portugueses, italianos, espanhóis e japoneses. As causas desse
processo migratório alemão, inicialmente, podem ser encontradas nos frequentes
problemas sociais que ocorriam na Europa e a fartura de terras
no Brasil.
Estudantes representando o casamento alemão em solo brasileiro
Com a escola toda
ambientada por vilas e mercearias à moda e cores alemãs, a MACC
2019 trouxe apresentações mais tradicionais como
os recitais, relatos e danças, porém
com igual brilhantismo protagonizado pelos estudantes do Instituto Social Santa
Marta durante toda a feira.
Três poesias sobre a imigração alemã foram
recitadas em dobradinhas (dois estudantes para cada poema) Os recitais foram
marcados pela nostalgia e ao mesmo tempo pela esperança na terra desconhecida, o Brasil.
"E comecei a sentir um vigor, uma força, uma convicção. Sim,
eu iria para o Brasil, iria enfrentar o desconhecido, iria deixar tudo para
trás. Com o meu suor, com o meu empenho, construiria uma nova vida. Não, não
importavam os sofrimentos e os percalços que poderiam ocorrer. Eu honraria
minhas origens. Eu seria o filho de Amabile e de Domenico. recitou a estudante Maria Carolina o “Poema de um
imigrante” , de Giovanni
Tuigo.
Giovana Brust e Fernanda Brust
Um relato precioso
Um dos momentos mais marcantes da noite dedicada à
Alemanha na MACC 2019 foi o bate papo da estudante Fernanda Carvalho Brust com
sua mãe Giovana Brust. Ambas descendentes de alemães, subiram ao palco e com muita
simplicidade abrilhantaram a noite. Conversavam como se estivessem na sala de
estar de uma casa tipicamente alemã, propositalmente, ambientada à moda dos emigrantes pela equipe da escola.
“Mãe, conta
um pouco como os nossos antepassados vieram da Alemanha”, pedia Fernanda. "Conto sim, minha filha”, e prosseguiu o relato Giovana Brust:
“Com a crise que estava na Europa, o bisavô
de seu avô resolveu vender o que eles tinham lá e tentar uma vida nova aqui no
Brasil. Eles foram parar em Santa Catarina. Lá, a época, era
só floresta e eles tiveram que desmatar e construir uma cabana para sobreviverem.
Foram tempos bastante difíceis”, segue a mãe da estudante acrescentando que sua
tataravó também veio da Alemanha e que teve sua propriedade saqueada na I Guerra
Mundial, o que a fez fugir para o Brasil:
“Inicialmente foram trabalhar em São Paulo, em fazendas de café, e só
mais tarde ela foi também para Santa Catarina, onde conheceu seu esposo, casou-se e a primeira filha deles é a mãe da sua bisa, concluiu.
A estudante Fernada Brust
A dança alemã
Os estudantes representaram duas das mais
tradicionais danças alemãs: a “Dança do Casamento” e a “Dança da Colheita”. Precedidas por explicações dos estudantes são duas expressões que mostram dois
momentos muito cultuados e de muito valor para este povo: a agricultura e o matrimônio.
I e II Guerra Mundial e o Diário de Ane Frank
O Diário de Ane Frank, um emocionante relato que se tornou um dos livros mais lidos do mundo e publicado pela primeira vez em 1947, faz parte do cânone literário do
Holocausto. A obra também marcou a segunda noite do Santa Marta por relatar uma das
maiores “tragédias” da história do mundo contemporâneo e do povo alemão: a I e a II
Guerra Mundial.
As guerras também influenciaram a imigração de alemães para o Brasil
(fugidos). Anne Frank era uma criança
alemã de família judaica que, aos 13 anos, teve que se esconder com os pais, a
irmã e outros judeus das tropas de Hitler em um anexo secreto no prédio onde o
pai trabalhava. Lá eles ficaram escondidos por dois anos inteiros, até agosto
de 1944.
Albert Einstein foi (entre outros representados) um dos alemães mais aplaudidos da noite. Com um dos estudantes
caracterizado a plateia pôde conhecer melhor a história deste grande cientista, físico teórico que desenvolveu a teoria da relatividade
geral, um dos pilares da física moderna ao lado da mecânica quântica.
Culinária
Sem esquecer da cerveja, uma bebida tradicional e criada pelos alemães, vinhos frutas e pães também compuseram a exposição dos alimentos mais consumidos por estes imigrantes. Na cantina da escola, um alimento
muito consumido pelos brasileiros: o hambúrguer (trazido pelos alemães) foi servido no fim da noite, após tantas histórias narrativas e apresentações.
O encerramento da XXVII edição da MACC (Mostra Artística Cultural e Científica) aconteceu na quarta-feira (2) no Instituto Social Santa Marta, em Riachão do Jacuípe, na Bacia do Jacuípe.
(Série de Matérias MACC 2019)
Da Redação Imprensa Cheque
Fotos: Eliete Cordeiro e Ane
Imigração alemã- mais uma noite de arte, ciência e cultura no Instituto Social Santa Marta
Reviewed by Imprensa Cheque
on
outubro 16, 2019
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